Viver sem amarras

Jota Borgonhoni
1 min readJul 8, 2016

Liberdade é das possibilidades humanas, a mais desejada ultimamente. Todos querem ser livres para fazer o que quiser. Ouvi recentemente “queria encontrar alguém que deixasse eu fazer minhas coisas, me deixasse ser eu mesmo e não me incomodasse, quero um relacionamento mas algo livre!”. Não é difícil imaginar há quanto tempo alguém com essa lógica está sozinha, né?

A questão da liberdade é sua impossibilidade. O conceito moderno transformou-a em um produto fácil de vender mas difícil de usar. Frankl já alertava: para sermos livres precisamos ser responsáveis. A vida de uma criança é cercada de adultos e extremamente limitado pois não é responsável. E ser responsável é complicado, gasta tempo e energia; gasta vida. Mas nossa amiga modernidade não quer saber disso, ela acredita que dá pra ser livre e ainda ficar bem de boas.

Voltemos aos relacionamentos, aqui é mais visualizarmos essa tensão. Pense comigo. Não há relação sem diálogo, não há diálogo sem troca, não há troca sem compromisso, e não há compromisso – veja só – sem responsabilidade. Quando nos relacionamos criamos um tipo de contrato afetivo, e temos de ceder e nos limitar em certa medida. A vida será dividida, logo, será amarrada. Querer ser “você mesmo” e criar um relacionamento consistente é mais difícil que o Lula assumir seus erros. Viver com o outro é deixar um pouco de ser você.

Obviamente, não precisamos escolher isso. Mas não sejamos iludidos: liberdade completa costuma ter sempre a mesma companhia, a solidão.

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